Piratas Modernos

Por Carla Estremes Ricci

Com tantas facilidades e opções de escolha, o mar está para peixe. Muitas marcas, variedade, descontos e formas de pagamento atraentes, tudo para atrair o cliente. Entretanto, são tantas empresas vendendo o mesmo produto, e muitas outras surgindo no mercado, que o consumidor pode acabar navegando em mares desconhecidos.

Como se não bastasse a infinidade de produtos falsificados, há também pessoas que se passam por funcionários de determinada empresa, e até o setor elétrico está sendo alvo destes funcionários piratas. Eles usam o nome e a história de sucesso como credibilidade para vender produtos sem assumir nenhuma responsabilidade.

Funciona assim: a pessoa se passa por cliente (pessoa física) e compra os produtos diretamente da empresa, dizendo que são para consumo próprio. Tenta comprar sem nota fiscal. Através do orçamento ou mesmo pelo site da empresa, consegue papel timbrado, logotipo e diz ser vendedor ou representante da empresa que comprou, vendendo os produtos por um preço bem mais elevado. Coloca o próprio telefone, um endereço falso e monta contratos sem validade jurídica nenhuma. Se o cliente voltar a procurar o “vendedor”, ele não atende o telefone, não retorna os e-mails, simplesmente desaparece. Ele quer vender o máximo que puder, antes de ser descoberto. Só então o consumidor, confuso, resolve investigar o site da empresa e percebe que os dados cadastrais são diferentes. Só que ele realmente adquiriu um produto fabricado por aquela empresa, e a única alternativa é entrar em contato para ter seu problema resolvido. Nesse momento ele descobre que pagou muito mais caro pelo produto, que na maioria dos casos nem era o produto correto para a sua necessidade. Eventuais trocas e adequações do produto geram um custo para a empresa que foi pirateada e que vendeu para o golpista a um preço baixo, sem falar na frustração do cliente. Ambos saem prejudicados e a imagem da empresa pode ficar manchada.

Ao contrário dos piratas dos séculos XVI a XVIII, que chegavam empunhando espadas e saqueando, os de hoje são bem discretos e buscam ganhar a confiança da “vítima” com outro tipo de arma: uma boa conversa. São pessoas aparentemente comuns, simpáticas, e com uma lábia irresistível. Possuem resposta para tudo, acabam convencendo e fazendo a venda. É por isso que ao comprar qualquer produto ou serviço, devemos tomar alguns cuidados:

- O vendedor possui cartão comercial? É sempre bom pedir folhetos e catálogos dos produtos e da empresa, mas isso não garante que ele trabalhe nela. Verifique no cartão se o telefone dele tem o mesmo prefixo que o da empresa. Se a empresa possui domínio próprio (www.nomedaempresa.com.br), o e-mail do vendedor geralmente tem o mesmo domínio (fulano.nomedaempresa.com.br). Se for um e-mail pessoal, tipo fulano@hotmail.com, desconfie e questione.

- Caso ele justifique o uso do e-mail pessoal alegando que é representante e trabalha com várias empresas, fato que realmente ocorre com representantes idôneos, não compre nada sem antes entrar no site da empresa, entrar em contato e verificar com o gerente de vendas se a pessoa em questão realmente é um representante da empresa.

- Exija sempre Nota Fiscal. Se o vendedor for pirata, não poderá emitir nota em nome de outra pessoa com valor mais elevado. Se ele insistir em vender sem nota, alegando conseguir um desconto, vai pedir pagamento em cheque ou dinheiro. Ou então enviar um boleto em nome dele ou de outra empresa diferente. Cuidado!

- Sempre confira os dados que ele passou com os dados da empresa. Alguns mais audaciosos abrem empresas com nomes muito parecidos com o da empresa pirateada só para pegar seus clientes e dar golpes, depois desaparecem. Criam até sites na internet, mas geralmente com domínios fora do Brasil ou nomes estranhos. Confronte CNPJ, endereço, telefone, pesquise no site da Junta Comercial da cidade em questão e no site da receita federal.

- Como o vendedor chegou a você? Tente lembrar se ele enviou e-mail antes, se era exclusivo para você ou uma lista com vários nomes (spam). Ou se ele telefonou já sabendo seu nome ou passou por outro departamento antes, e que indicou. Não é nenhuma vergonha perguntar, pelo contrário. Intimida o mal-intencionado e aproxima o bom vendedor.

- Na dúvida, marque outra visita, não assine nem pague nada. O funcionário pirata tentará fechar a venda de qualquer jeito, o quanto antes, ele usará todos os argumentos possíveis. Resista.
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4 comentários:

Anônimo disse...

Se eu descobrir que fui vítima do pirata, o que devo fazer? E a empresa tem alguma responsabilidade sobre esse assunto?

Wesley Sarto disse...

Muito bom o texto e as dicas.
Serve de alerta para os profissionais de compras!
Algo que eu acrescentaria é prestar atenção ao próprio produto e embalagem, por mais que muitas cópias sejam bem fiéis ao produto original, creio que uma avaliação visual não seja totalmente inútil.
Abs.

Wesley

Super Administrador WGR disse...

Caso tenha sido vítima de um "pirata", você deve registrar queixa numa delegacia de polícia, através de um BO. Se o pirata usou o nome verdadeiro, isso pode evitar que outras pessoas caiam no mesmo golpe. A empresa não tem responsabilidade sobre estas pessoas, mas pode e deve alertar sobre este assunto, como a WGR faz em seu site.

Super Administrador WGR disse...

Wesley, agradecemos os seus comentários.
Você tem razão, o consumidor precisa conferir minuciosamente o produto em si e a embalagem, pois infelizmente a pirataria está fora de controle.
Abs, Equipe WGR

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