Como vender e comprar o produto certo
Carla V. C. Estremes Ricci
No setor elétrico, assim como em outros setores que exigem informações técnicas e um conhecimento mais avançado, a simples compra de um produto pode tornar-se complicada. Muitas lojas e até mesmo muitos clientes finais, não sabem exatamente qual o produto mais indicado para determinada necessidade. Uma indústria que precisa ampliar uma área e instalar iluminação adequada, por exemplo, nem sempre pede um orçamento dos produtos corretos. Se a requisição de compra partir do departamento de compras, pode ser muito simplificada e abrangente – “luminária industrial”. Porém, partindo da engenharia ou da manutenção, tende a ser mais detalhada e técnica – 54 luminárias com corpo refletivo em alumínio anodizado de 17” e lente protetora em vidro temperado, com equipamento auxiliar para lâmpada a vapor metálico de 400W em 220V.
No primeiro caso - “luminária industrial” - caso o vendedor não faça uma verdadeira investigação, perguntando qual a aplicação, formato, material, tamanho, para qual tipo de lâmpada, potência, voltagem, altura de montagem, com ou sem lente, etc., provavelmente o comprador solicitará o produto mais barato. As luminárias chegam, e na hora de instalar, alguém diz: “Essas luminárias não servem! Eu pedi luminárias industriais, não para lâmpadas fluorescentes! Quem comprou isso?”. Errou quem solicitou a compra, errou o comprador que não questionou a requisição, errou o vendedor.
Já no segundo caso, o vendedor irá apresentar os produtos disponíveis que efetivamente atendem as especificações solicitadas. As opções diminuem, e as chances de erro também. O comprador opta pelas melhores condições de pagamento, faz a compra. As luminárias chegam e na hora de instalar, alguém diz: “Essas luminárias não servem! O galpão é muito alto, as luminárias são pequenas e as lâmpadas precisam ser de 1.000W! Quem pediu isso?”. Nesse caso, errou quem especificou, pois não verificou se a aplicação era a mesma dos outros galpões e nem a altura de montagem das luminárias.
O ideal é que todo o processo de negociação seja documentado, desde as cotações, até a aprovação do pedido, por ambas as partes. Documentos contendo esclarecimento de dúvidas, especificações que precisam ser atendidas, eventuais modificações ou adaptações aprovadas, enfim, comprovações de que vendedor e comprador estavam cientes de todos os detalhes do produto e das condições de venda. Existem casos em que o comprador compra um produto “A”, o vendedor vende o “B”, a produção fabrica o “C” e a expedição entrega o “D”. É como aquela brincadeira do telefone sem fio, onde o primeiro da fila fala uma palavra ou frase, o outro entende diferente e vai passando adiante sem questionar, até que no final, aquilo que foi falado no início é completamente distorcido. Este erro só ocorre se houver falha ou falta de comunicação e documentação. Caso contrário, o cliente receberá exatamente aquilo que queria comprar.
Assim como vender é uma arte, saber comprar também é. E como somos seres humanos, passíveis a erros, principalmente pela complexidade que envolve a comunicação, a interpretação e o entendimento, informação nunca é demais. Pergunte, questione, informe. Algumas vezes aprendemos, outras ensinamos. É uma troca, onde todos ganham.
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